Rampa de acesso ao Hospital Pedro Hispano
Problema de difícil solução
Utentes queixam-se da elevada inclinação da rampa de acesso ao Hospital Pedro Hispano. ULS diz que solução não é fácil.
O problema não é de agora, mas afecta sobretudo os idosos com mais dificuldade em subir a rampa de acesso ao Hospital Pedro Hispano. Apesar da proximidade dos transportes públicos (STCP, Resende e metro), na realidade, quem não tem automóvel tem mesmo de fazer o percurso a pé, desde a paragem à entrada do Hospital.
Tal como o “Matosinhos Hoje” verificou, subir aquela rampa de canadianas ou mesmo de cadeira de rodas não é tarefa fácil. O Hospital Pedro Hispano foi inaugurado a 20 de Março de 1997 pela então ministra da saúde, Maria de Belém. Todavia, a sua construção teve início cinco anos antes e nessa altura, segundo o actual presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde de Matosinhos, não havia uma “sensibilização” para estas questões.
Segundo Nuno Morujão, “houve sempre uma preocupação, por reconhecermos que o acesso era inadequado às pessoas com deficiência e idosos”. Para minorar as dificuldades, foi colocado um corrimão em toda a rampa, os passeios foram alargados e foram instalados no lado direito (de quem sobe) dois locais cobertos com bancos. “Esta foi a forma encontrada para as pessoas não terem que fazer a subida de uma vez só e à chuva. Antigamente, não era possível chegar de automóvel e sair mesmo à entrada do hospital. Agora já se pode entrar sem apanhar chuva. Não é a situação ideal, mas melhorou muito”, afirma.
Quanto a alternativas, Nuno Morujão considera que o problema não é “insolúvel”, mas difícil. Há dois anos começou a estudar-se a possibilidade de ser criado um tapete rolante coberto. Todavia, os elevados custos de investimento e manutenção tornaram esta alternativa demasiado complexa.
Chegou também a ser equacionada a construção de um túnel, desde a rua até ao hospital. Uma solução que não se concretizou pela sua grande complexidade e orçamento.
De acordo com Nuno Morujão, houve ainda a proposta de autorizar a entrada de autocarros, mas “não tomamos uma posição sobre isso”.
Por entender que seria difícil fazer manobras com veículos de grande dimensão naquele local, decidiu pedir um estudo técnico sobre esta matéria.
O presidente da ULS considera ainda que as próprias colocações de paragens acabariam por interferir no tráfego de ambulâncias e outros veículos de emergência, tendo em conta que, diariamente, cerca de 400 pessoas acorrem ao serviço de urgência. “Há boa intenção, mas é preciso ter consciência da realidade”, explica. Todas as hipóteses em cima da mesa “não estão completamente de parte”, mas carecem de mais estudos e de mais tempo.
Quanto às queixas relativas ao pagamento do parque de estacionamento, o médico recorda que os primeiros dez minutos são gratuitos. Nuno Morujão diz ainda que não são os quem têm carro e dinheiro para gasolina que o preocupam, mas sim os que têm de recorrer aos transportes públicos para aceder ao hospital. “O parque não é uma fonte importante de rendimento do hospital, mas, por exemplo, foi com o dinheiro do parque que suportamos as pequenas obras nos acessos”, conclui.
Inqueritos
Mário Leite - 62 anos, Reformado
“Tenho que vir aqui ao hospital acompanhar a minha esposa, pelo menos, uma vez por mês. Venho sempre a pé. É muito cansativo. A rampa é muito pesada. Se fossem dois ou três lanços, agora um...Ainda por cima só tem um banco para nos sentarmos. Era bom que resolvessem esta situação para os peões”.
Domingos Pereira - 77 anos, Reformado
“Venho aqui muitas vezes porque a minha mulher esteve internada nove semanas e agora vem para as consultas. Ela não quase não pode andar. Como não pode subir esta rampa de canadianas, a minha filha têm que vir de carro até aqui”.
Fernando Coelho - 59 anos, Motorista
“Tenho de vir ao hospital duas vezes por dia por causa do meu pai que está aqui internado. Apesar de vir de carro, tenho que subir a rampa a pé. O parque de estacionamento do hospital é muito caro e, por isso, deixo o carro no parque do metro, onde não se paga. Depois de subir esta rampa, chego cá cima atrapalhado. É muito inclinada. Não vejo solução, a não ser que ponham um elevador”.
Elisete Correia - 70 anos, Reformada“Venho muitas vezes aqui, ou para consultas ou para visitas. Venho de autocarro e depois subo a rampa a pé. Como fui operada ao coração, custa-me muito subir. Quando chego lá cima parece que vou desmaiar. Procuro vir sempre com alguém para me ajudar a subir. Às vezes, tenho que me agarrar à grade e esperar que passe esta dor no peito. Isto não tem jeito nenhum. É pena, porque é um hospital muito bom”.
http://www.matosinhoshoje.com/index.asp?idEdicao=338&id=16604&idSeccao=2821&Action=noticia
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