terça-feira, 8 de maio de 2007

JORNAL DE NOTICIAS – LINHA DA PÓVOA TEM METADE DOS PASSAGEIROS PREVISTOS

Pouco mais de um ano depois da inauguração do troço final da Linha Vermelha do metro, entre a Póvoa de Varzim e Pedras Rubras, o movimento de passageiros, embora a crescer, continua muito aquém das expectativas iniciais. Nos dias úteis, a linha - entre a Póvoa e a Fonte do Cuco - não vai muito além das nove mil validações (5,21% do total da rede), bem longe das previsões da Metro do Porto (MP), que apontavam para 20 mil novos passageiros.Para uns, a "culpa" é das muitas paragens - 21 só no troço Fonte do Cuco/Póvoa - que tornam os tempos de percurso pouco atractivos, face ao automóvel e até face ao autocarro, que, por exemplo, no caso do Pólo Universitário da Asprela - para onde se desloca a maioria dos estudantes (uma enorme fatia dos movimentos pendulares Póvoa/Vila do Conde-Porto) - "bate" o metro, a preços mais baixos e sem transbordos. Para outros, são os preços elevados que afastam novos clientes. Para outros, ainda, é a demora na conclusão das obras de inserção urbana a falta estacionamento junto às estações, os passeios inacabados, as ruas enlameadas e os muitos buracos não contribuem para a atractividade do novo meio de transporte.O presidente da Câmara de Vila do Conde, Mário Almeida, admite que as paragens "talvez sejam muitas", mas para o autarca e membro do Conselho de Administração da MP é, sobretudo, a demora na conclusão dos trabalhos que está a "travar" a maior adesão.Nos pouco mais de 500 metros da linha no concelho da Póvoa, as críticas são muitas a estação terminal não tem estacionamento, na envolvente do canal reina a poeira, as ruas esburacadas e sem passeios, as casas expropriadas meio demolidas, meio por demolir, a falta de iluminação, as ruas cortadas… Um ano depois da "pomposa inauguração", dizem os moradores, só o metro chegou.Em Vila do Conde, junto à Estação de S. Clara, o cenário não é melhor falta estacionamento, o acesso à estação é feito entre muitos buracos, poeira e desvios de trânsito. (ler página ao lado). Nas freguesias são muitas as estações "no meio do nada", com fracas acessibilidades, em locais ermos e escuros.A realidade dos númerosDe acordo com os dados de Março da MP, das 21 estações, entre a Póvoa e a Fonte do Cuco, apenas a Póvoa e Pedras Rubras apresentam, em dias úteis, um movimento acima das mil validações. Em Vila do Conde a estação da cidade (junto ao Estádio dos Arcos) fica-se pelas 757 e a de Santa Clara (a antiga estação da CP) pelas 453. Há um ano, em Março de 2006, a linha ficava-se pelas cinco mil validações, pelo que, embora lentamente, o número de passageiros tem vindo a aumentar.Ainda assim, dizem os passageiros, são muitas as estações "no meio do nada", "a meia dúzia de metros" da estação anterior. Ligações da redeOs dados da Metro confirmam na Azurara (Vila do Conde), por exemplo, a média em dia útil é de 116 passageiros. No total, são cinco as estações que não chegam aos 200 passageiros por dia útil e mais quatro que não passam dos 300. Depois vêm, ainda, os problemas da própria rede: a ligação ao Pólo da Asprela, por exemplo, obriga à ida à Trindade, transbordo e mais de uma hora de caminho. Os veículos expresso - semi-directos - "são poucos" e, dado o troço comum Senhora da Hora-Dragão, param em todas as estações a partir da Senhora da Hora.Ainda assim, acredita Mário Almeida, no futuro, com a conclusão das obras de inserção urbana e uma ligação Senhora da Hora-Hospital de S. João já em estudo, a linha poderá atingir a desejada procura e justificar um investimento de 252 milhões de euros, que muitos continuam a considerar "desnecessário", face a um transporte ferroviário da CP que, modernizado, poderia prestar, um serviço semelhante.O que ainda está por fazerNa inauguração da Linha Vermelha, o ministro das Obras Públicas, Mário Lino, prometeu aos autarcas "luz verde" para todas as obras de inserção urbana, a concluir até ao final de 2006. Volvido um ano, na Póvoa e em Vila do Conde, a primeira fase dos trabalhos está agora em conclusão, a segunda (até Portas Fronhas - Vila do Conde), orçada em 6,5 milhões de euros, espera autorização do Governo e a terceira (Portas Fronhas-Póvoa) só deverá avançar em 2008. A segunda fase engloba o novo arruamento paralelo ao rio Ave, que ligará a Avenida Figueiredo Faria (junto à Meia Laranja) à Avenida Bernardino Machado (junto ao acesso às novas escolas), as vias paralelas ao canal até Portas Fronhas e o novo interface na estação de Vila do Conde.

Jornal de Noticias 2007/05/08 - Ana Trocado Marques, José Mota

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