sábado, 7 de julho de 2007

PRIMEIRO DE JANEIRO – MUT-AMP RECLAMA A ENTRADA EM FUNCIONAMENTO DA AUTORIDADE METROPOLITANA DE TRANSPORTES

Utentes novamente em protesto
Uma carta reivindicativa do Movimento de Utentes dos Transportes da Área Metropolitana do Porto defende a, prorrogada, entrada em funcionamento da Entidade Metropolitana dos Transportes.
Apenas um dos pontos da missiva a que a STCP começa a responder.

David Furtado - Primeiro de Janeiro



O Movimento de Utentes da Área Metropolitana do Porto (MUT-AMP) distribuiu no passado dia 1 uma carta reivindicativa em que defende a entrada em funcionamento da Autoridade Metropolitana de Transportes. Um dos pontos da carta reivindicativa é a “reformulação do zonamento e implementação de zonas territoriais no modelo de ‘coroas’”. Contactado pelo JANEIRO, André Dias, do MUT-AMP, afirma que “este sistema é semelhante ao de Lisboa. Teríamos menos zonas, que seriam mais alargadas”. O representante do Movimento lembra as confusões dos “utentes que pensam estar a viajar em zona 2, mas que estão em zona 3. Nestes casos, é chamada a autoridade para identificar as pessoas, e é uma situação que tem acontecido com frequência”. O Movimento defende uma divisão em zonas que seja “mais simples e mais compreensível”. André Dias lembra também os problemas com os títulos de viagem, e “as informações incorrectas prestadas aos utentes nas ‘pay-shops’. As pessoas dirigem-se a um café, por exemplo, para carregar o título de viagem, e não lhes é dada a informação correcta”. De acordo com o porta-voz, “20 por cento de pessoas já foram ‘enganadas’ inadvertidamente”. André Dias refere que, “nos postos de atendimento, as pessoas não são formadas para esse fim. Deparam-se com muitas reclamações e sabem que a tarefa mexe com a vida dos utentes”. O representante do Movimento diz que, por culpa deste factor, “os trabalhadores se revezam bastante, o que não ajuda nada”. Na carta reivindicativa, o Movimento defende também a criação de “um tarifário único e socialmente suportável para o Metro, STCP e CP”. O MUT-AMP reivindica a “frequência mínima de um transporte por hora, no período nocturno e aos sábados, domingos e feriados, sendo esta reajustada às necessidades dos utentes”. Outro factor exigido pelo Movimento “é o aumento da velocidade comercial das viaturas e a sua pontualidade”. O documento reclama também “a oferta de percursos directos entre o centro do Porto e os concelhos servidos de transportes públicos”.

Falta de higiene

Outro dos pontos da carta reivindicativa exige a “limpeza, higiene e desinfecção de viaturas e estações”. Segundo André Dias, “antigamente, os veículos eram lavados nos centros de recolha. Hoje, isso já não acontece, exceptuando com as viaturas novas. As mais antigas estão sujas e, no Verão, ganham cheiros. Mas não podemos culpar os utentes. Conheço casos de pessoas com problemas de incontinência que sujam inadvertidamente o assento, e este não é limpo”. O porta-voz afirma que há “outros casos de falta de higiene nos veículos, o que pode até tornar-se num perigo para a saúde pública”.

A bilhética continua a ser criticada pelo MUT-AMP: “As pessoas não sabem quantas viagens têm disponíveis, a dado momento. E achamos que não devem ser obrigadas a pagar o cartão. Aliás, a lei nem prevê que o utente seja obrigado a pagar cinco euros pelo passe e 50 cêntimos pelo título”, refere André Dias. Números da STCP não são fiáveis
Mas a questão fulcral, para o MUT-AMP, é a entrada em funcionamento da Autoridade Metropolitana dos Transportes (AMT). “O Movimento não quer decidir nada. A AMT é que tem essa responsabilidade. Trata-se de uma decisão do Governo, já tomada, e queremos que seja posta em prática”. O Movimento reclama o cumprimento da legislação nacional e comunitária sobre os utentes portadores de deficiências motoras, auditivas e de visão. Nesta matéria, os números recentemente divulgados pela STCP, revelando que a maior parte da frota tem condições de acessibilidade para deficientes, não são fiáveis. “Comparando com a Europa, achamos que os números não são reais”, diz André Dias. “Pensamos que a STCP terá feito uma média do valor da Europa”. O porta-voz acrescenta que há países com mais de 85 por cento e outros com menos de 15 por cento de viaturas com tais acessibilidades. Mas congratulamo-nos com o aumento do número de veículos”.
Novo Protesto
O MUT-AMP chama a atenção para o problema do Hospital da Prelada: “O hospital ficou sem o acesso da STCP, que levava os utentes ao próprio edifício, o que já não acontece. Falamos de pessoas com canadianas, que têm de percorrer uma distância de cerca de 100 metros. Para estes utentes, não é fácil”, diz André Dias. A 20 de Julho, está marcado um novo protesto, às 17h, na Rua Costa Cabral. Trata-se de uma concentração que pede a reposição do percurso do antigo 79 (actual 204). André Dias referiu ao JANEIRO que será “uma concentração espontânea de utentes, comerciantes e moradores, com a qual o MUT-AMP está solidário”.
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RESPOSTA STCP refuta críticas

Em declarações ao JANEIRO, Rui Saraiva preferiu não comentar mais esta reivindicação da MUT-AMP. “Estamos preocupados com as pessoas e não com as primeiras páginas”. O administrador da STCP revela que “nos últimos seis meses, a empresa preparou a nova rede de acesso fácil, que será apresentada na segunda quinzena de Julho. Nessa altura, vamos apresentar alguns números”. O administrador realça que a STCP realizou “um estudo com o Provedor do Cidadão com Deficiência e a Acapo”. Juntamente com a ARS, a STCP irá também “articular e a divulgar a nova rede”. “O Movimento de Utentes da Maia tem feito uma pressão positiva”, considera Rui Saraiva. “Tem-nos alertado para diversos problemas e exposto preocupações. Temos também confrontado posições”, sublinha o administrador.

Um comentário:

  1. De facto o sistema em Lisboa é por zonas e é simplificado, mas poucos utentes optam por passes nesse sistema. É que depois há dúzias combinações de companhias diferentes, que acabam por ficar mais baratos... mas obviamente fica tudo mais confuso, o que só afasta quem quer usar um determinado transporte ocasionalmente.

    Bom trabalho!

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