segunda-feira, 26 de novembro de 2007

JORNAL PÚBLICO - GRUPO DE 28 MUNICÍPIOS QUER O COMBOIO EM BARCA DE ALVA

Grupo de 28 municípios quer o comboio em Barca de Alva

Jornal Público
26.11.2007, Abel Coentrão

Pela primeira vez, todas as câmaras ribeirinhas do Douro assumem a defesa conjunta da reabertura do troço Pocinho-Barca de Alva
A Câmara Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo deixou de estar sozinha com os seus vizinhos da raia espanhola na defesa do regresso do comboio a Barca de Alva. Fundado no Marco de Canaveses, um movimento alargado de 28 autarquias vai lutar pela reactivação do troço de 28 quilómetros da Linha do Douro entre o Pocinho e aquela estação fronteiriça.Desde o litoral ao interior, os municípios ribeirinhos consideram imprescindível para o desenvolvimento da região a reactivação daquela "porta" para Espanha e para a Europa. Pelo menos para fins turísticos.
A abertura de um sítio na Internet com uma petição on line e a realização de uma convenção em Figueira de Castelo Rodrigo, a 9 de Dezembro, data em que se assinalam os 120 anos da chegada do comboio àquela estação fronteiriça, serão, para já, os marcos mais visíveis da acção deste lobby regional, que pretende convidar para o evento a Refer, dona da linha, académicos e personalidades que têm defendido o regresso das locomotivas, operadores turísticos e outros agentes económicos, membros do Governo português e autoridades políticas de Castela e Leão e da província de Salamanca.
Os espanhóis ponderam reabrir o troço espanhol entre Boadilla e La Fregeneda, junto à ponte internacional do rio Águeda, atitude que motiva os portugueses a tentar convencer o Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicaçõers a aproveitar o embalo e a religar o Douro ao centro de Espanha e à Europa.
Do Governo pretendem apenas que dê a ordem política para que o projecto avance. Num estudo deste ano, o especialista em caminho-de-ferro Manuel Margarido Tão defendia que os 15 milhões de euros necessários para reabrir a linha (ver texto nesta página) poderiam ser conseguidos através de uma candidatura luso-espanhola a fundos do programa Interreg. A economia, que, dados os prejuízos da linha, foi a justificação para o encerramento daquele troço, é, 20 anos depois, recuperada como argumento de sentido inverso para a reactivação da ferrovia. Como explicaram ao PÚBLICO António Coutinho e Manuel Moreira, presidentes da Assembleia e da Câmara Municipal do Marco, a possibilidade de captar turismo espanhol a partir desta ligação não pode ser desprezada, pelo que o grupo acredita que não seria dificil encontrar uma parceria público-privada entre autarquias e agentes económicos para exploração deste negócio.
António Edmundo, presidente da Câmara de Figueira de Castelo Rodrigo, lembra o desenvolvimento do tráfego aéreo de low-cost em Valladolid e Salamanca, que coloca milhares de potenciais visitantes a uma hora de distância do Douro. Com uma ligação ferroviária por algumas das mais belas paisagens da região, o próprio Douro Vinhateiro e o Parque Arqueológico do Côa, ambos classificados pela UNESCO, "só ficariam a ganhar", nota o autarca, avisando que, se nada for feito, sem cais para barcos e sem comboio, o Museu do Côa se poderá transformar num "elefante branco".
"Não estamos a exigir nada de mais. Apenas a reposição de uma ligação à Europa que nos foi dada no século XIX e cuja porta se fechou em 1988, curiosamente, pouco depois de Portugal ter aderido à União Europeia", lembra Monteiro da Rocha, membro eleito da Assembleia Municipal do Marco de Canaveses que, no mandato anterior, quando presidia a este órgão, deu o mote para o que se torna agora num movimento regional. O seu sucessor e impulsionador deste lobby, António Coutinho, considera que esta é também uma questão de coesão territorial. "O projecto beneficiaria todos, desde o Porto até à fronteira. A marca Porto-Douro é uma mais-valia que tem que ser melhor explorada", alerta o empresário, secundado pelo autarca da raia, que assinala a actual pobreza do interior da região, apesar do reconhecimento mundial alcançado pelo património local.
"Quinze milhões é uma gota de água nos 21 mil milhões do QREN [pacote de fundos europeus para 2007-2013], mas ajuda a matar a nossa sede de desenvolvimento", argumenta António Edmundo, que ganhou novo alento nesta batalha com duas décadas, agora que recebeu o apoio dos seus homólogos das margens do Douro. "Isto não é uma utopia. É uma vontade racional, que merece ser apoiada", insiste o autarca de Figueira de Castelo Rodrigo.

Um comentário:

  1. Inovar e progredir não é construir e abandonar.
    É o que se vê neste momento em Barca De Alva, onde podemos tropeçar em lixo espalhado em todos os cantos e onde se vê as portas fechadas lojas de artesanato e hotelaria onde se vê as marcas dos investimentos da CE.
    Estamos todos de acordo com os investimentos mas era bom que as Autarquias tivessem vontade de preservar o que esta feito antes de partir para novas exigencias.
    PF Mantenham as zonas belas mais limpas para que possam ser dignas de mais visitas.

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