quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

PRIMEIRO DE JANEIRO – AGENTE ÚNICO

Perto de dez utentes da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP) bloquearam ontem ao final da tarde dois autocarros da linha 600 na Avenida dos Aliados. Apesar de serem poucos, os manifestantes só dispersaram com a intervenção de oito agentes da PSP.
Desta vez a acção de protesto dos representantes do Movimento de Utentes de Transportes da Área Metropolitana do Porto (MUT-AMP) foi mais original e passou por comprarem ao motorista um bilhete de viagem e pedirem o respectivo recibo. Como os motoristas não passam factura, duas viaturas ficaram bloqueadas durante 30 minutos e só retomaram serviço depois de intervenção policial. Uma seguiu viagem para a Maia, como o previsto, mas outra ficou fora de serviço porque entretanto terminou o turno do motorista.

“Se em todas as empresas de camionagem os motoristas passam recibo, por que motivo na STCP não temos essa possibilidade”, ouvia-se no meio da confusão e ainda antes de oito agentes da PSP aparecerem. Enquanto que uns apregoavam que “o que a STCP faz é fugir ao fisco”, outros passageiros ficaram visivelmente irritados e pediam para seguir viagem dado o atrasar da hora.

Na prática o que os manifestantes deviam fazer para obter factura era, como está escrito junto ao motorista, deslocarem-se com o bilhete a um posto da STCP. “Mas como é que sabem se comprei o bilhete ou se o encontrei no chão”, contra-argumentou Carlos Pinto, porta-voz do MUT-AMP.
Com a chegada de oito agentes da PSP, os motoristas e os utentes que pediam recibo foram identificados e foi pedido ao motorista para seguir viagem. A situação acabou por normalizar minutos depois, mas não sem antes haver uma troca azeda de palavras entre os presentes.

Maia “esquecida”Questionado por que motivo a acção de protesto foi concentrada na linha 600, que liga o Largo dos Lóios à Maia, Carlos Pinto explicou que é uma das que dentro da nova rede, que entrou em funcionamento a 1 de Janeiro, apresenta mais problemas aos utentes. Além de ser usada por muitos utentes para fazer transbordo, é agora a única que liga a Baixa ao concelho maiato. “Juntam-se tantos passageiros que muitas vezes os autocarros passam nas paragens e não podem abrir as portas de tão cheios que estão”, explicou Carlos Pinto, acrescentando ainda que a Comissão de Utentes da Maia foi a única que ainda não reuniu com a administração da STCP desde que a nova rede entrou em funcionamento.
A próxima acção do MUT-AMP realiza-se amanhã à noite na Junta de Freguesia do Bonfim com uma Assembleia Pública onde serão decididas novas formas de luta contra a actual rede. Com a supressão de 44 linhas e a criação de 30 novas, o MUT-AMP insiste que a população do Grande Porto foi prejudicada e reitera que o serviço público não está assegurado.

Primeiro de Janeiro - Ana Magalhães

http://www.oprimeirodejaneiro.pt/?op=artigo&sec=eccbc87e4b5ce2fe28308fd9f2a7baf3&subsec=&id=b466ef5a299a06576a1d3804cb793863

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