sábado, 21 de julho de 2007

PRIMEIRO DE JANEIRO – COMERCIANTES DA RUA COSTA DE CABRAL REIVINDICAM A REPOSIÇÃO DO 79

Uma questão de bom senso
Autarca, padre, comerciantes e utentes manifestaram-se ontem em defesa do regresso da linha 79 à zona de Costa Cabral. Todos se queixam que a zona perderá vida com o fim da passagem daquela linha de transporte público.
David Furtado
Os comerciantes de Costa Cabral manifestaram-se ontem contra o fim da carreira 79. O protesto reuniu mais de uma centena de pessoas, o presidente da junta, o padre da igreja de Paranhos, e o Movimento de Utentes do Transportes Colectivos do Porto (MUT-AMP). Os comerciantes defendem a reposição da antiga carreira, num pequeno percurso de 700 metros, pela rua de Bolama, Costa Cabral, descendo a Constituição e virando para Faria Guimarães. Carlos Pinto, do MUT-AMP, comentou que a manifestação “veio na sequência de muitas que têm sido realizadas no Porto, em Gondomar e na Maia. O objectivo é sobretudo a reposição do 79, tendo em conta que a STCP cortou muitas carreiras nesta zona. Acusamos a STCP de estar a ‘matar’ o comércio tradicional e de não cumprir o dito serviço público e social”.Jaime Fernandes, da Comissão de Comerciantes da Rua Costa Cabral, trabalha no local há 52 anos. Na sua opinião, o grande problema é o facto de os comerciantes estarem a enfrentar “uma queda de negócio para cima de 50 por cento”. Já há lojas fechadasNas palavras do comerciante, “já há casas fechadas na rua, que não têm hipótese de sobreviver. Os empregados correm o risco de ir para a rua, ficando só os patrões”. Jaime Fernandes classifica a situação de “assustadora”. Os comerciantes afirmam que nunca mais tiveram o movimento de outrora. “É uma dor de alma: Uma das maiores freguesias do país está desertificada e envelhecida. E pior, as pessoas envelhecidas não têm hipótese de andar de Metro por falta de acessos”. Jaime Fernandes frisa que “há locais onde têm de andar quase um quilómetro para apanhar o Metro. E as estações não têm policiamento. Uma pessoa é assaltada, violada e roubada, e ninguém é responsável”. O padre José Alberto Magalhães, da Igreja de Paranhos, disse ao JANEIRO que nota “diferença no número de pessoas que frequenta a igreja. Sobretudo, os idosos, que não têm automóvel e, portanto, têm mais dificuldade”. Segundo o padre, “o mesmo se aplica à zona envolvente, como o bairro Leonardo Coimbra”.O presidente da junta de freguesia de Paranhos, Miguel Seabra revela que “a câmara já tem um projecto pronto - a duplicação da rua Dionísio Santos Silva. Assim, todos os autocarros terão acesso à igreja e ao cemitério. Para o alargamento se fazer, falta expropriar o morador de uma casa”. De acordo com Miguel Seabra, “a junta tem estado em diálogo permanente com a STCP acerca disto”.Questão de bom sensoO presidente recebeu ontem uma carta da administradora da STCP. Na carta, é referido que a STCP “irá comunicar os resultados da avaliação do desempenho da nova rede no primeiro semestre de 2007, agora em fase de conclusão”. “Portanto, antes do fim do mês, saberemos se a nossa reivindicação é aceite ou não”, adianta Miguel Seabra. “Estamos a falar do prolongamento de um quarteirão, englobando apenas mais duas paragens. Metade do trajecto é feito no corredor BUS, onde passavam anteriormente sete carreiras e hoje passam três. É muito fácil de resolver, e achamos estranho que, depois de ano e meio de reivindicações e reuniões sucessivas, a STCP ainda não tenha estudado esta pequena alteração”.Para Miguel Seabra, trata-se de “uma questão de bom senso”: “Estou convencido de que a administração da STCP não dará uma machadada final no comércio de Costa Cabral”. Os manifestantes partiram da Praça do Marquês, por Costa Cabral, (interrompendo o trânsito) rumo aos Combatentes, onde terminava o protesto. PSP identifica dirigentes da manifestação A presidente da Associação de Comerciantes do Porto (ACP) e o presidente da junta de Paranhos foram identificados pela PSP, por participarem numa “manifestação não autorizada”. O incidente ocorreu ao fim da tarde, durante o protesto convocado pela ACP e pela Comissão de Moradores e Comerciantes da Zona de Costa Cabral. A presidente da ACP, Laura Rodrigues, disse à Lusa que a associação enviou, segunda-feira passada, um fax ao Governo Civil. No entanto, a secretaria disse nada ter recebido. “Repetimos o pedido, por sugestão da secretaria, mas foi indeferido, já que deu entrada depois do prazo legal de 48 horas exigido para a autorização de manifestações públicas.” O protesto não foi desmarcado já que “há muitos precedentes em que foram autorizadas manifestações pedidas com menos de 48 horas de precedência”, explica Laura Rodrigues. A presidente da ACP citou o Artigo 45 da Constituição, que garante a liberdade de manifestação pacífica, o que era o caso: “Lamento que, para não autorizar este protesto, o Governo Civil tenha recorrido a um decreto anterior à própria Constituição”.

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