"O meu filho até já vomita, de manhã, de tão preocupado que anda só de pensar que vai ter falta por não ter autocarro que o leve a tempo". A situação do filho de Maria Fernandes espelha a "angústia" que mais de meia centena de alunos sente todos os dias quando espera pelo autocarro nas paragens de Martim e Pousa, em Barcelos.
Desde o início do ano lectivo que os estudantes - a grande maioria do 5.º ano - esperam cerca de 45 minutos por uma camioneta. Nesse interim, vêm passar dois ou três autocarros que não param por já estarem lotados, quando chegam às últimas paragens a caminho da EB 2,3 de Cabreiros, em Braga.
"Isto não pode continuar. O meu filho anda num stresse que só visto, e numa altura em que está a mudar de escola. Não ajuda nada à mudança para o ciclo", diz Maria Fernandes, ponderando levar o filho de carro, após mais de meia hora apeada.
As crianças têm esperado e desesperado, de tal forma que, na manhã de anteontem, os dois primeiros alunos chegaram à paragem de autocarro, junto à EN 103, cerca das 7.30 horas. Mas nem a antecipação lhes valeu. Conseguiram entrar na camioneta apenas às 8.20, e porque o motorista, apesar de ter a viatura sobrelotada, acedeu levar as 40 crianças à espera. Só naquele local. Amontoados pelos corredores, lá seguiram viagem, em situação de perigo e ilegalidade, considerando a nova lei que regula o transporte escolar. Antes, alguns pais já tinham optado por levar os filhos de carro.
Mas, durante a semana, a situação foi muito mais caótica os alunos chegaram constantemente atrasados e, em alguns casos, mais de meia hora. "O meu filho explicou à directora de turma que lhe respondeu "azar!", mas que ia ver se podia tirar a falta. Todos os dias não pode ser. O passe está pago e não vamos, nem todos podem, perder tempo a levá-los à escola. O caso não se pode arrastar", disse, indignada Lúcia Lopes, que também tem comparecido na paragem de autocarros em Martim.
O problema com o transporte dos alunos para Cabreiros está também relacionado com a extinção da carreira entre a Póvoa de Varzim a Braga, passando por Barcelos e que tem deixado descontentes os utentes que utilizavam aquele trajecto, e que agora demora três horas devido à passagem por Famalicão.
Garantias de solução
Segundo fonte da Câmara de Barcelos, a Transdeve foi informada de que são cerca de 300 os alunos das freguesias de Pousa e Martim que este ano serão transportados para Cabreiros. A autarquia - a pagadora dos passes e, por isso, cliente da transportadora - diz que "está a acompanhar o caso e que compete aos operadores rodoviários assegurarem o transporte regular e em condições de segurança", sublinhando que a Câmara deve "requisitar e assegurar o pagamento dos passes". A Transedeve, através de Paulo Silva, garantiu que o caso estará resolvido segunda-feira com mais autocarros no percurso. "É um caso anormal porque há acréscimo grande de alunos, pelo que estivemos esta semana a avaliar o que fazer, considerando os horários dos alunos, porque nem todos viajam à mesma hora", rematou.
http://jn.sapo.pt/2007/09/23/norte/alunos_esperam_horas_autocarros_lota.html
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