terça-feira, 18 de setembro de 2007

PÚBLICO - PROPOSTA DO GOVERNO DE SANTANA PARA REABRIR A LINHA AOS PASSAGEIROS FOI IGNORADA PELO ACTUAL EXECUTIVO

A Linha de Leixões deveria ter sido reaberta ao serviço de passageiros no fim de Verão de 2005, de acordo com um anúncio do então secretário de Estado dos Transportes, Jorge Borrego, do Governo de Santana Lopes. Para tal, bastaria um investimento de 1,3 milhões de euros para construção de apeadeiros e interfaces e um estudo liderado pela Autoridade Metropolitana de Transportes do Porto (AMTP) que confirmasse que aquele ramal teria uma procura diária de 21 mil a 31 mil passageiros.
De acordo com o Jornal de Notícias de 31/12/2004, que cita a Lusa, aquele governante criou uma comissão técnica para estudar a reabertura da linha por onde só passam comboios de mercadorias, apesar de atravessar uma zona urbana com muito potencial de tráfego. Borrego admitia que haveria "condições mínimas" para arrancar com o serviço dentro de poucos meses, respondendo assim a uma carta da Câmara de Matosinhos que defendia o aproveitamento daquela infra-estrutura para transporte de passageiros.
O Governo de Santana Lopes entretanto caiu, a AMTP não chegou a elaborar o estudo e não se ouviu falar mais do projecto. O Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações disse ao PÚBLICO que o assunto está "a ser avaliado pela Refer e pela CP". A Refer, por sua vez, diz que "decorrente da actual concepção do projecto de alta velocidade a função da Linha de Leixões está em estudo na Refer/Rave no âmbito mais alargado de toda a rede ferroviária da Área Metropolitana do Porto". Já para a CP, tudo depende dos estudos que forem feitos. "Se tiver uma procura interessante, tudo bem", disse ao PÚBLICO, o presidente da empresa, Cardoso dos Reis. "Precisamos de estudos de procura mais bem definidos", sublinhou.
A reactivação da Linha de Leixões é também defendida no Plano Regional de Ordenamento do Território do Norte. O geógrafo Rio Fernandes, que faz parte da equipa que elaborou aquele documento, diz que é "vital" para o Porto uma ligação este-oeste a norte da cidade, para evitar o congestionamento da linha do metro entre Senhora da Hora e Boavista. Essa ligação, diz, podia ser precisamente a Linha de Leixões.
Ao contrário de outros especialistas que defendem o aproveitamento daquele corredor para o metro, Rio Fernandes entende que o traçado não é compatível com esse serviço, pelo que a solução seria mesmo uma linha ferroviária urbana. De resto, o ramal não pode perder a sua vocação para mercadorias (é fundamental para o porto), pelo que qualquer solução futura - alta velocidade, metro ou ferrovia urbana - terá de contemplar aquela valência. O ramal que liga Contumil ao Porto de Leixões é electrificado e tem 19 quilómetros de via única.

TGV no ramal de Leixões
"Uma das hipóteses de chegar com o TGV ao Aeroporto de Sá Carneiro é através do ramal de Leixões", disse ao PÚBLICO uma fonte ligada à Rave. Esta possibilidade, em estudo na empresa, aproveitaria não a linha actual, tal como ela existe (com muitas curvas), mas sim o corredor em que esta se insere e no qual se poderá instalar uma linha de alta velocidade com um mínimo de expropriações.
A ideia assenta no princípio, já decidido, de que a estação terminal da alta velocidade será Campanhã, pelo que, a partir daí e até ao aeroporto, faria sentido utilizar uma parte do canal ferroviário Contumil-Leixões. Numa primeira fase, porém, o TGV Porto-Vigo passará longe do aeroporto: o Governo decidiu aproveitar a Linha do Minho até Braga, construindo nova via-férrea desde aquela cidade até Valença. Com a Variante da Trofa entretanto construída, e com uma única paragem em Braga, seria possível fazer Porto-Vigo em 60 minutos, em 2013. Já a inserção do aeroporto nessa linha de alta velocidade ficaria para uma segunda fase, explica a secretária de Estado dos Transportes.

Alguns especialistas defendem o aproveitamento do canal Contumil-Leixões para o metro

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